AGRESTIA é uma caminhada de baixo do sol quente, é o rio roncador, a tromba d’água que
serpenteia a terra seca até o oceano trazendo com toda luta e esperança o grito do índio, do
negro, o som do valente sertanejo, que ecoa do sertão até as periferias das capitais. É o dialogo
musical entre a cultura nordestina e o rock pesado universal. Um esporro grosso, denso, cru e
quente. Aquele berro oprimido na garganta que foi exorcizado com raiva e indignação, fruto do
conflito humano em esfera individual e coletiva, regional e global. Transpirando peso e balanço,
numa abordagem livre, com guitarra distorcida, baixo pulsante, bateria visceral, vocal bruto e
discurso contundente, com a pretensão de não se engessar em rótulos, e tendo múltiplas
referências que passam pelos anos 70’ aos 90’, especialmente a sonoridade de bandas como
Sepultura, Body Count, Pantera, Black Sabbath, Faith No More, mas sem clonar essas influências.
Respeitando isso, levam sua música para qualquer direção. Não estão aqui para agradar todo
mundo, mas querem se comunicar com quem está aberto a isso.
E tudo isso você confere no mais novo material, o EP SANGUINOLENTO, contendo 4 petardos
produzido em parceria com Louis durante o primeiro ano da pandemia, lançado pela Trinca de
Selos. As letras são um raio X de algumas importantes lesões sofridas pelo povo Brasileiro,
destilado em uma mensagem provocativa, muito bem representada pela arte da capa, feita pelo
ilustrador Paulo Kalvo, onde um cangaceiro faz justiça com as próprias mãos.
O EP abre com Chico Mendes: em meio ao som do amazônico canto do Uirapurú surge uma linha
de baixo puxando a banda num percurso progressivo de contrastes sonoros – da calmaria do rio
a uma pesada queda d’água, como uma pororoca varrendo tudo ao seu redor, permeado por um
lamento poético reflexivo, guitarra lisérgica e cozinha matadora. Em seguida, O Mito da Caverna, com um groove pesado, uma patada de onça no caricato “cidadão de bem”- boçal reacionário, vestindo camisa da CBF, de sapatênis, pedindo a volta da ditadura, com gesto da arminha e apoiando aberrações. Na
sequência, temos Reina: algo como um doom black sabbathico descalço no chão quente e rachado da caatinga, recebendo aquela facada no abdômen, só que bem dada, com sangue escorrendo de verdade. . E fechando o play, Tragédia em todo gueto, a velha e conhecida peleja do pobre preto da periferia de Salvador, testemunhada pelos olhos de quem está no olho do furacão dessa triste realidade.
Oriundos de Salvador, Bahia, a banda está na ativa desde 31 de agosto de 2016, lapidando e
amadurecendo sua sonoridade. No inverno de 2019 lançou dois singles: “Curandeiro” e “Força”.
Em 2020 lançou o vídeo clipe da música “Força”, e em agosto do mesmo ano, o EP “Ao vivo na
pandemia”, com três músicas gravadas durante o show no festival Palco do Rock 2020, última
apresentação da banda ainda no começo da proliferação do Covid-19 (este EP ficou entre os Top
10 da música produzida na Bahia em 2020, na votação do site El Cabong).
No momento presente, AGRESTIA continua sendo um providencial esforço de resistência.
Rapadura é doce, mas não é mole, não!

Ouça! Alto! Agora!

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@agrestiaoficial