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Nalgum Lugar Entre o Cap​í​tulo 9 e a Inunda​ç​ã​o | EP

by PROJETO MACABÉA

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1.
NOME ESTRANHO (Letra e música: Álisson Lima) Um nome estranho Uma palavra que não sei dizer Esse som que ecoa na cabeça De um tempo que eu não posso lembrar Eu quero esquecer Mas continua aqui E não consigo distinguir Qual é a voz que ressoa em meu coração Ela é seca e é tão doce Ela é tua como se fosse Minha voz e eu estamos a sós
2.
Dia Cinzento 03:56
DIA CINZENTO (Letra e música: Álisson Lima) O dia cinzento O dia sem cor O dia para resistir à dor E se sempre foi tão fácil Me deixar levar Hoje eu não quero mais Ser tão frágil assim Não entrego os pontos sem lutar Mesmo quando o pranto quer Quer me afogar
3.
A FESTA ACABOU (Letra e música: Álisson Lima) A festa acabou O que nos resta? O que nos resta? Resta guardar os copos/corpos Contar os corpos/ copos Sair agora, olhar lá fora Pois logo vai Amanhecer Resta o trincar dos ossos Trançar os olhos Inverter a hora, nublar lá fora Pois algo vai Acontecer Mais um dia De ressaca, de trabalho Mais um dia Desnecessário

about

A festa não acabou

Celebremos! Macabéa está de volta. A festa não acabou. Com três faixas inéditas, recém-gravadas, Álisson Lima dá continuidade ao seu trabalho mais pessoal, que hibernava desde 2016. Pensando bem, talvez hibernar não seja a palavra correta, projetos necessitam de uma longa gestação para que amadureçam e venham ao mundo na hora certa. Assim, penso, é o caso do projetomacabéa.
O EP, na contramão dos atuais lançamentos, não traz participações especiais. Ele volta a ser o resultado da vontade de onemanband: as letras, melodias e arranjos são todos assinados por Álisson, que também grava todos os instrumentos e vocais.
É comum, ao escutarmos um novo disco, procurarmos influências ou referências de bandas e artistas consagrados. Sim elas estão lá, ou aqui, misturadas. Sentimos algo de Pixies, Raul Seixas, Pavement, Wander Wildner e até uma pitada de Júpiter Maçã, mas o principal, acho importante frisar, é no projetomacabéa como a vivência e experiências pessoais estão em primeiro plano, imprimindo uma marca original em cada uma das três faixas do álbum.
É a estranheza que aglutina e conta uma história com começo, meio e fim em Nalgum lugar entre o capítulo 9 e a inundação, característica que pode incomodar os ouvidos viciados em baladas melosas e de fácil digestão. A melancolia é outro traço de nosso tempo a imprimir um estado de espírito cinza que percorre o álbum e pode não agradar aos ouvidos moucos. Sim, o cinza é a cor que nele predomina e, atenção, não se trata apenas de um tom de cinza. O projetomacabéa transforma em música e poesia uma palheta extensa, que vai do quase branco ao cinza chumbo metálico. Afinal, cores traduzem sentimentos melhor que palavras gastas ou expressões da moda. Fazer isso de forma monocromática é para poucos. É um dom que as almas mais sensíveis possuem. Os três grandes méritos deste novo EP são: não embarcar no fácil do caminho já percorrido; não apostar em fórmulas de sucesso certo e instantâneo e, o mais importante, expressar a sua verdade. Afinal, como a Arte não tem compromisso com nada ou ninguém, o artista não pode nem deve fazer concessões.
Nome estranho é a faixa que abre o álbum e evoca o melhor Ramones, alertando o ouvinte para a tônica do conjunto: o estranhamento com a vida, com as coisas inexplicáveis e a busca por respostas que não existem, mas ressoam em todo ser. Ressoa “seca e doce, quando estamos a sós, apenas com nossa voz”, como a letra sugere e repete e repete para que seja compreendida. A resposta está guardada dentro do corpo, com suas vontades latentes dissociadas das vontades impostas pelo mundo, e é apontada no verso que fecha, vivo e seco, como uma porrada: “Minha voz e eu estamos a sós”. A porrada é maior quando percebemos a ironia de se estar só num tempo de redes sociais, seguidores, mensagens instantâneas, público sem calor à espera da próxima novidade, do próximo like, comentário, cancelamento. Tudo aparentemente tão real, mas totalmente descartável.

Dia cinzento, a segunda faixa, como o título anuncia, é cinza, como a angustia das correntes dos dias. Como os dias sem sol. Como sentimentos que incineramos e, não à toa, se transformam em cinzas. A depressão é cinza e a voz é um acalanto com sugestivas metáforas, um antídoto, uma forma de lidar com essa angustia sem cores, sem rumo nem explicação. Resistir é preciso. Resistir à dor é preciso. Resistir a todas as dores, as que nos chegam de fora e, principalmente, as que causamos a nós mesmos. É mais fácil deixar-se levar correnteza abaixo, mas esta não é a única opção, apenas a mais fácil. É preciso querer mais do que se tem se não quiser permanecer na dor. É preciso não entregar os pontos. Procurar abrigo da chuva nos dias cinzentos. A fuga não é a mensagem desta faixa. A luta consigo mesmo, apesar de ser a mais difícil, é a única que expurga e transforma um dia cinzento.
A festa acabou é uma balada melancólica que arremata o sentimento individual das faixas anteriores e deságua no coletivo. O que nos resta? A festa, para qual ninguém foi convidado, mas todos compareceram e terão que pagar o preço, acabou. Resta a ressaca, trabalho e dias desnecessários. A festa acabou. O mundo é real e sempre haverá vidas que virão depois das nossas vidas. E aqui, nesta faixa, o diálogo nada explícito das duas vozes que se entrelaçam e se sobrepõem é o ponto mais alto do disco. A letra é uma bela poesia que complementa e se funde com a melodia.
Último aviso: esta não é uma análise definitiva. Muitas outras interpretações e possibilidades se escondem nas palavras e na música do projetomacabéa. Assim como este não é um disco para se ouvir apressadamente. É cinza e melancólico como sugere o título. A música e a poesia provocam emoções que às vezes não gostamos de sentir. Sentimentos que não levamos para uma festa, mas que estão sobre nós como nuvens prontas para desaguar. Sentimentos que nos forçam a amadurecer ou a sucumbir. Contudo, estas três músicas nos inspiram a seguir com cabeça erguida, mesmo que os dias continuem cinzentos, muito cinzentos.

Marcelo Frazão, Salvador, Bahia, novembro de 2021.

Ouça agora!

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YOUTUBE: bit.ly/3sZuo2z
DEEZER: bit.ly/32U0Adc
trincadeselos.bandcamp.com
brechodiscos.bandcamp.com
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#aquitemrockbaiano

credits

released January 6, 2022

[BD286]
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- Gravadoras Independentes -
2021 ||| TRINCA DE SELOS |||
Brechó Discos | Bigbross Records | São Rock Discos
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Gravado, mixado e masterizado em novembro/21, no Jack's2dio, por Jack Doido.
Vozes, guitarras, baixos e arranjos: Álisson Lima
Produção da bateria: Álisson Lima e Jack Doido.
Foto da capa: Álisson Lima
Design da capa: Wilson Santana

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Trinca de Selos BA, Brazil

Gravadoras Independentes TRINCA DE SELOS é um coletivo formado pelos selos baiano: Brechó Discos, Bigbross Records e São Rock Discos.

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